sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Criar Deus à nossa imagem.

Um artigo (1) da New Scientist fala de um estudo de Nicholas Epley (2) que mostra como as pessoas que acreditam em Deus atribuiem à Sua opinião aquilo que elas próprias pensam. 

Foi pedido a crentes que dessem a sua opinião sobre diversos assuntos e que dissessem também que opinião pensavam que tinha diversas personalidades conhecidas e Deus, sobre esses assuntos. A correlação entre a opinião de cada individuo e Deus foi a mais forte. Tudo bem. Isto pode querer dizer que os crentes têm a opinião que pensam que Deus tem. Mas em seguida testou-se essa hipotese.

Foi então pedido aos crentes que elaborassem um discurso desenvolvendo uma opinião contrária à deles, de modo a suavizar a sua própria opinião. A opinião que atribuiam a Deus, muda em consonancia. Mas não aquela que atribuiam às outras personalidades!

É de facto frequente observar um religioso puxar a opinião ou vontade de Deus para uma discussão para provar o seu argumento. É tambem fácil ver como Deus parece não dar a mesma opinião a todos os crentes, ainda que cada um esteja convencido que aquilo que pensa é o que Deus pensa. Este estudo confirma isso.

Aquilo a que se poderia chamar de "falácia do religioso", que é passar da pressuposta existência de Deus para imediatamente concluir sobre a Sua vontade, (como se isso pudesse ser extraido lógicamente apenas do facto Dele existir), parece estar ainda mais ligado ao próprio crente que a um conceito independente de Deus. 

Eles dizem assim: "Intuir acerca das crenças de Deus em assuntos importantes pode não produzir um guia independente mas pode, em vez disso, servir para uma camara de eco das nossas próprias crenças".

De facto. Talvez isso ajude a explicar a quantidade de coisas diferentes que se atribui a Deus dentro da mesma religião e entre religiões. Pelos vistos, faz parte do processo.

A mesma peça da New Scientist cita ainda um outro artigo em que é demontrado que rezar utiliza as mesmas areas cerebrais que falar com um amigo (3) e refere que  tem vindo a ser sustentado por investigadores que todos estes achados são suportados pela teoria que a capacidade de imaginação tem um papel chave na religiosidade. 

(1)http://www.newscientist.com/article/dn18216-dear-god-please-confirm-what-i-already-believe.html

(2)http://faculty.chicagobooth.edu/nicholas.epley/

(3)http://www.newscientist.com/article/mg20227033.600-praying-to-god-is-like-talking-to-a-friend.html

2 comentários:

Anónimo disse...

Post excelente, Joao!

Abraços,

Fernanda

http://scienceblogs.com.br/bala_magica

Anónimo disse...

muito interessante, gostei de ler.